‘Aos 12 anos fui vendida por R$ 40 ao meu marido’
Tamara se casou aos 12 anos e se tornou mãe aos 13. Ela é uma entre milhões de meninas no mundo que se casam antes dos 18 anos. Estima-se que uma em cada cinco meninas se case antes dessa idade, apesar das leis que proíbem o casamento infantil em muitos países. No Maláui, onde Tamara vive, mudanças estão começando a ocorrer.
A Realidade de Tamara
Tamara (nome fictício) foi uma vítima do casamento infantil no Maláui. Abandonada pelo marido, um homem na casa dos 20 anos, aos 9 meses de gravidez, ela ficou sozinha na cabana de sua tia por meses. Nascida em uma comunidade agrícola pobre no distrito de Neno, sua família vivia abaixo da linha da pobreza. Após a morte de seus pais, Tamara foi acolhida pela avó, que acabou vendendo-a para o casamento por 15.000 kwachas malauianos (cerca de R$ 43).
Mesmo com a lei que proíbe o casamento infantil desde 2017, a prática é culturalmente aceita em áreas rurais, onde vive 85% da população do Maláui. Mais de 40% das meninas do país se casam antes dos 18 anos, segundo a ONG Girls Not Brides. Tamara sofreu abusos físicos do marido mais velho até que os serviços sociais a resgataram.
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O Impacto da Educação e da Mídia
A Rádio Mzati, com o programa Ticheze Atsikana (“Vamos conversar” em chichewa), é uma ferramenta crucial no combate ao casamento infantil. O programa, patrocinado pela AGE Africa, discute questões que afetam as meninas e atinge mais de 4 milhões de ouvintes. As apresentadoras incentivam a educação como uma saída para as meninas. “Quando as meninas recebem educação e conhecem seus direitos, sabem que podem obter ajuda para acabar com o casamento infantil”, diz Lucy Morris, co-apresentadora.
O chefe local Benson Kwelani, fã do programa, incentiva as meninas a permanecerem na escola e não apoia casamentos de menores de 18 anos. Ele acredita que a educação é fundamental para mudar a realidade dessas meninas.
Iniciativas e Desafios
Recentemente, figuras influentes como Michelle Obama, Amal Clooney e Melinda French Gates visitaram o Maláui, apoiando a luta contra o casamento infantil. A Girls Opportunity Alliance de Michelle Obama apoia a AGE Africa, enquanto a iniciativa Waging Justice for Women de Amal Clooney ajuda a informar as meninas sobre seus direitos legais. French Gates financia projetos que melhoram os cuidados de saúde das mulheres.
No entanto, a aplicação das leis contra o casamento infantil ainda enfrenta desafios. Muitos casamentos são realizados secretamente, dificultando a intervenção dos líderes comunitários. “Alguns pais insistem que suas filhas estão prontas para o casamento, mas consultamos os registros médicos para confirmar a idade”, diz o chefe John Juwa.
O Futuro de Tamara
Tamara deu à luz um menino saudável com a ajuda da ONG People Serving Girls At Risk. Ela está de volta à sua comunidade, com o apoio da tia e da comunidade local. Tamara espera que seu filho, Prince, consiga terminar a escola. A luta para garantir que meninas como Tamara possam viver uma infância segura e cheia de oportunidades continua, com educação e apoio comunitário sendo essenciais para a mudança.
O casamento infantil é uma violação dos direitos das crianças e exige esforços contínuos para ser erradicado. No Maláui, a combinação de educação, mídia e apoio de ONGs e líderes comunitários está começando a fazer a diferença.
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